O acesso à aparelhos celulares está se tornando cada vez mais comum em países em desenvolvimento, e há lugares em que isto está acontecendo de forma massiva. Em regiões na Índia e na África, por exemplo, que até pouco tempo não havia nem rede telefônica, as pessoas passaram a utilizar o telefone celular, sem chegar a conhecer nem mesmo um telefone convencional. É um salto da falta de tecnologia direto para a mais nova tecnologia. Os celulares estão se tornando uma necessidade básica para a vida diária, mas enquanto isso outra necessidade básica encontra-se regularmente fora de alcance: o acesso ao saneamento básico. Uma pesquisa recente da ONU mostrou que na Índia, mais pessoas tem acesso a um aparelho celular do que a um banheiro. Um estudo desenvolvido por cientistas da ONU mostrou que 366 milhões de habitantes, o que corresponde a 31% da população tinha acesso ao saneamento básico em 2008, enquanto isso 545 milhões de celulares estão atualmente em serviço na Índia. Cerca de 45 de cada 100 pessoas tem um celular em mãos na hora que precisar, essa realidade não é a mesma no caso dos banheiros. Estas estatísticas têm o intuito de colocar em evidência a falta de saneamento nos países em desenvolvimento e também a prescrição para atingir a Meta de Desenvolvimento do Milênio para saneamento até 2015.
Says Zafar Adeel, Diretor do Instituto de Água, Desenvolvimento e Saúde da ONU, localizado em uma Universidade no Canadá diz: “É uma ironia trágica pensar que na Índia, um país agora rico o suficiente, aproximadamente metade das pessoas tem celulares, e cerca da metade não pode custear a necessidade básica e a dignidade de ter um banheiro”. Adeel indica que é extremamente necessária a educação das pessoas sobre os problemas da falta de saneamento, e que ter um banheiro pode salvar mais vidas e melhorar a saúde muito mais do que qualquer outro investimento. O estudo mostra que o preço de um banheiro novo é cerca de U$300, e estima-se que será necessários U$358 bilhões para atingir a meta do milênio até 2015 em saneamento global. Isso pode parecer um custo muito alto, mas devemos também considerar a redução com gastos na saúde, redução da poluição e a melhoria do padrão de vida global: “O mundo pode esperar,contudo, um retorno entre U$3 e U$34 para cada dólar gasto em saneamento, realizado por meio da redução da pobreza e de gastos com saúde e pelo aumento da produtividade – uma oportunidade econômica e humanitária de proporções históricas,” adicionou o Dr. Adeel, que também dirige o grupo de Água da ONU (UN-Water), que coordena todos os trabalhos relacionados a água em 27 agências da ONU e todos os seus parceiros globais. Enquanto o progresso está sendo feito, a Organização Mundial da Saúde e a UNICEF prevêem que mesmo assim nós ficaremos longe da meta, com os 2,7 bilhões de pessoas que não terão acesso ao saneamento em 5 anos. Enquanto os banheiros não são tão atrativos ou desejados como os celulares,a necessidade de se falar sobre o assunto é urgente.
Para atingir a meta, o estudo faz 9 recomendações, incluindo tornar o saneamento o foco nos debates sobre manejo de recursos hídricos, fortalecimento ao redor das necessidades de saneamento nas comunidades, redefinir acesso ao saneamento “aceitável”, e desenvolver novos modelos de negócios para lidar com o triângulo água-saneamento-higiene, entre outros. De acordo com a co-autora do estudo Corinne Shuster-Wallace: “O Saneamento para todos não deve ser apenas alcançável, mas necessário. Há necessidades morais, civis, políticas e econômicas para levar saneamento adequado para a população global.”
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